Textos e fotos de Jorge Lima Alves

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Caderno chinês

Durante a viagem à China, que visitei em 2001, mantive uma espécie de diário. Devo dizer, no entanto, que na altura estava mais preocupado em fotografar do que em escrever. E mais preocupado ainda em ver e viver do que em fotografar. Digamos que em viagem escrever pode ser a última das nossas preocupações.

26 de Abril

Sempre quis vir à China. Há muitos anos que procurava esta sensação de estar do outro lado do mundo, no meio de estranhos, incapaz de os compreender e de me fazer entender por eles. Queria muito isto: esta estranheza, este «deslocamento». Preciso de me pôr periodicamente à prova e é em viagem que me sinto mais perto das minhas insuficiências. No fundo, vim à China para ir o mais longe possível dentro de mim.

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Viajo para ser surpreendido e... surpreender-me!

Dia 27

Xangai é uma cidade impecável, que faria o Presidente da Câmara de Lisboa roer-se de inveja, se tivesse vergonha na cara. Não se vê lixo, nem graffitis nas paredes, nem carros em cima do passeio. Os jardins estão bem tratados, cheios de flores (plantadas com precisão geométrica e muito bom gosto). A relva está sempre aparada, as árvores podadas (muitas vezes carregadas de pássaros). Curiosamente, nesta zona da cidade, os troncos têm cordas à volta e estacas a prendê-los. Árvores prisioneiras da beleza da cidade? São tão preciosas que não querem que fujam.

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Nunca esquecerei a história do chinês que nos quis indicar o caminho no Metropolitano. Afinal, eu é que tive que lhe dizer onde se apanhava a linha 2 (tinha observado cuidadosamente o plano e sabia perfeitamente para onde tinha que me dirigir). Por fim, ele meteu-se sem querer numa saída, a máquina comeu-lhe o bilhete e o que lhe valeu foi o meu bilhete, para voltar a entrar. Quando chegámos ao nosso destino, indiquei-lhe por gestos que se devia colar a mim e saímos muito juntinhos pela porta giratória. O homem não sabia como é que havia de me agradecer.

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É (também) para isto que viajamos (e escrevemos): para coleccionar «souvenirs», materiais e imateriais. No meu caso, viajo também para coleccionar apontamentos. Sim, pensando bem, no fundo talvez seja a minha vocação: coleccionador de apontamentos. Coleccionador de apontamentos e também, ou sobretudo, de bons momentos.

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Apontamnentos. Aponta momentos = fotografia.

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As visitas ao Xangai Art Museum e ao Xangai Museum revelaram-se interessantíssimas. A arte chinesa vai, como poucas, directa ao essencial. Os desenhos e pinturas são como flechas disparadas ao coração da natureza. Seja uma flor, uma floresta, um rio ou uma montanha, o que os artistas procuram captar é o que Deus criou (digamos assim) e o que sentem perante a perfeição do que vêem. É pelo menos assim que eu o vejo.
Depois, começou a chover. Jantar no Gongdelin, restaurante vegetariano. Como noutros locais, a cerveja que me servem é excelente e tem mais de meio litro. 635 mililitros para ser exacto.

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Enquanto estavamos no Xangai Friendship Store (o Lonely Planet assegurava que merecia uma visita e é verdade), a loja recebeu a visita do Presidente da Malásia, acompanhado pela mulher, as filhas e uma longa comitiva que incluía um general da Força Aérea e um almirante impecavelmente vestido de branco, cheio de galões dourados e um peito todo medalhado. Pareciam todos saídos de uma opereta, a começar pelos polícias chineses, muito jovens, com aquelas cinturinhas de abelha que me divertem tanto. O Xangai Friendship Store é um gigantesco brique-à-braque de cinco andares onde se podem encontrar desde antiguidades caríssimas (e muito belas, por vezes) a pexibeque de feira sem qualidade.

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O cansaço faz parte da «bagagem» de qualquer viagem. Na China, mergulhado num aquário de sonhos, quase sempre cheio de sono, respiro imagens por todos os poros. Por isso, procuro fotografar quase tudo. Não, não é verdade: há muitas fotos que não tiro. Faço por esquecer muitas fotos. Umas por respeito pelas pessoas, outras por perguiça, outras ainda porque prefiro viver certas coisas a fotografá-las. As fotos mais conseguidas são as que faço só com os olhos (e o coração).

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“I believe in God, but the devil got power too”. Quem o afirmou foi um músico de que esqueci o nome, numa entrevista que li no avião quando vinha para cá. Os templos chineses estão cheios de diabos, de deuses maus como às cobras. Se não são maus, pelo menos parecem. Certas estátuas têm carantonhas de fazer fugir até as feras mais ferozes. No entanto, os templos não têm aquela carga quase funerária das igrejas ocidentais. As pessoas vêm aqui para conversar, jogar às cartas, ou mesmo dormir uma sesta. São lugares de convívio e de lazer, tanto como de recolhimento e oração.

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As aguarelas chinesas são uma verdadeira lição de simplicidade e rigor. Tanto com tão pouco! Verdadeiros hai-kus visuais. Os artistas chineses não receiam ser ingénuos ou infantis. Adoro os seus peixes, pássaros, flores, montanhas, árvores e rios. Patos numa noite escura. Mulheres na penumbra. Florestas nocturnas. Rios serpenteantes. Se somente eu pudesse fotografar assim, com esta ligeireza e “pontaria”!

O que mais diverte o turista e o que mais me comove a mim, são os bailes espontâneos na rua. Há-os por todo o lado. Qualquer local serve, desde que haja espaço. Alguém põe uma música a tocar e logo aparecem vários casais para dançar uns «slows» românticos, qualquer que seja a hora do dia.

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Espanta-me a indiferença deles à nossa presença. Salvo raras excepções, não despertamos a mínima curiosidade. Mesmo nos bairros mais remotos, mais pobres, onde nunca devem aparecer turistas. Andamos pelas ruas, no meio das pessoas e não nos ligam, nem quando paramos para lhes tirar fotos. Noutros países, mesmo asiáticos, sorririam para a câmara, ou esbracejariam em sinal de protesto. Aqui não. Limitam-se a lançar-nos uns olhos opacos, que não sabemos interpretar.

Dia 28

A estação de comboios de Xangai é um assombro. Cá fora, uma multidão caótica. Lá dentro, outra. O edifício é enorme e moderno. A bagagem tem de passar toda pelos Raios X como no aeroporto. Cada cais tem a sua própria sala de espera. Há imensas e cada uma dela faz umas dez vezes a única sala de espera de Santa Apolónia. O comboio para Souzhou tem dois andares e à porta de cada carruagem está uma hospedeira fardada, jovem e bonita, para prestar esclarecimentos às pessoas.

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No comboio leio Nietzsche. Excertos que se assumem como enigmas, onde o seu “sangue corre lentamente”, “como uma sombra”. Para Nietzsche, “um Deus que baixasse à terra só cometeria injustiças”. E “estar doente é uma forma de ressentimento”. Não admira que há quem o considere um percursor da psicanálise! Os seus aforismos brilham como diamantes. Os seus conceitos ainda hoje são revolucionários. Para ele, por exemplo, o budismo é uma “higiene”, não se devendo confundir com uma religião e, muito menos, com essa “coisa tão lamentável como é o cristianismo”. Outro pensamento fabuloso: “O remorso não me parece de modo nenhum digno de atenção”.

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No comboio, as hospedeiras estão sempre a propor algo: um jornal, um chá verde, uma salada de frutas... A revisora é a mais bem vestida de todas as funcionárias: com a sua farda irrepreensível, de gravata, parece uma chefia militar. A carruagem está cheia de uma nova burguesia emergente. Quase toda a gente tem telemóvel e está vestido à ocidental. Lá fora, uma paisagem sem história.

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Os miúdos mais pequenos andam aqui com calças e calções com os fundilhos sempre abertos, para poderem fazer as suas necessidades em qualquer altura, sem grande transtorno para os pais. A maior parte das vezes, portanto, andam de rabinho ao léu. É tão engraçado!

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Outro espectáculo divertido em Souzhou é o das capas para a chuva que os ciclistas usam neste momento. Grandes capas de plástico concebidas para os proteger a eles e às suas precisosas bicicletas, lambretas e motas. Como as há de todas as cores – amarelas, vermelhas, verdes, azuis, roxas – e eles são aos milhares, a cidade ganha um colorido que noutras ocasiões não tem. Mais cómico ainda é a cena das lojas de casamentos que há por todo o lado. Muito pirosas, cheias de luzes fluorescentes e cores berrantes, com espelhos por todo o lado. Lá dentro estão os consultores e técnicos à espera dos noivos. Aparentemente, eles tratam de tudo: do vestido (têm vários na montra e mais em catálogo), da maquilhadora e, mais tarde (objectivo principal de toda esta operação, suponho) das fotografias e do vídeo da cerimónia.

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Mais uma citação de Nietzsche: “Quando procuro outra palavra para dizer música, encontro unicamente a palavra Veneza”. Ora Souzhou, ao que dizem, é a Veneza chinesa.

Dia 29

Pequeno-almoço num “Holiland”, cadeia especializada em bolos de casamento e aniversário que merece, pelo menos, um sorriso. Como quase todas as lojas na China tem montes de empregadas – miúdas fardadas de vermelho e branco e com uma coroa de raínha (feita em cartolina amarela) na cabeça. A loja é toda envidraçada, com dezenas de bolos fantásticos nas montras. Lá dentro é tudo em tons de rosa, verde bébé, roxo... Através dos vidros podemos ver os pasteleiros a trabalhar, vestidos de branco e com uma máscara a tapar-lhes boca e nariz. Parece uma equipa médica a operar um paciente. A música ambiente é ocidental, a higiene irrepreensível e os sorrisos permanentes. Como já tinha visto em Xangai, há na China um lado muito Disneylândia.

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Já não havia “soft sleepers” para Xian, por isso optámos pelo “hard sleeper”. Só o nome assusta. Qualquer coisa como 22 ou 23 horas de comboio. Vai ser bonito.

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Como diz Marguerite Duras, “é preciso ter confiança nesse desconhecido que somos”. Duras disse muito mais coisas justas, que tenho podido confirmar: “O medo quando se escreve é normal. Não se deve ter medo desse medo. Se esse medo não existir, não se escreve”. Diz também: “Não tem importância falhar um livro”. É curioso que ela diga isto. Eu gosto especialmente de livros falhados. E não apenas de livros, de resto. Os cantores que prefiro não sabem cantar, as mulheres que me encantam não são as mais bonitas. A perfeição não me interessa nada. Nem sei o que isso é. Como Robert Frank, o fotógrafo, “estou absolutamente interessado na imperfeição”.

Primeiro de Maio

O espectáculo do mundo, num show só para mim. Centenas de actores, milhares de figurantes: uma grande produção para os meus sentidos. Qual televisão, qual quê. Ao vivo é que é. A vida é uma grande filme!

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De repente, ao olhar pela janela do comboio, veio-me à memória uma frase de Alain Robbe-Grillet, que diz: “O viajante cria a paisagem do mesmo modo que a paisagem cria o viajante”. Não sei se «cria» é a palavra certa, mas há alguma verdade na afirmação.

Dia 3

Para além dos guerreiros de terracota, do Big Wild Goose Pagode, do Bampo Museum e do Huaging Hot Spring, Xian tem muito mais para dar e tem-me deliciado. E não falo apenas dos Waterworld e outros “entretainement centers”. Falo de pequenas coisas, objectos curiosos, caras estranhas, roupas excêntricas, lojas fascinantes. Não, a China não me está a desiludir nem um bocadinho.

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O nosso hotel fica num bairro de prostitutas. Passam o dia à porta e, para se entreter, penteiam-se umas às outras, ou pintam as unhas. Ingénua, a Raquel diz-me: «Já reparaste na quantidade de cabeleireiras que há aqui?».

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No Templo dos Oito Imortais, uma jovem chinesa abordou-me (o que aqui é raríssimo) para me perguntar: “Is english your mother language?”. Eu que falo tão mal inglês, na China podia dar aulas dessa disciplina.

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Esta noite, fiz um sonho muito estranho. Passeava aqui na China quando, de repente, vejo uma manifestação religiosa. Uma espécie de procissão, com bandeiras e imagens, dezenas de sacerdotes e uma grande multidão. Misturo-me no desfile para tirar fotografias quando, de súbito, a polícia ataca os manifestantes e começa a matar gente. Não com pistolas ou espingardas, mas com sabres. Entro em pânico e procuro fugir. Quando estou mesmo a conseguir sair dali, ouço a voz de Deus que me faz uma pergunta crucial. Infelizmente não me consigo lembrar qual.

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Em algumas esquinas há velhotes com bandeiras vermelhas, para substituir os semáforos. Algumas lojas têm cantores e músicos à porta, para atrair as atenções. Noutras lojas são os próprios empregados que ficam à porta a bater palmas para chamar as pessoas. Outras ainda têm raparigas muito bem fardadas para que não deixemos de olhar.

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Há poucas coisas de que gosto tanto em viagem como me perder pelo caminho. O viajante só tem a ganhar em se perder, parece-me.

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Num dos seus livros de viagem (Um Bárbaro na Ásia?), Michaux diz que uma civilização que não sabe fazer raparigas bonitas não é civilização não é nada. Segundo ele, as civilizações devem gerar raparigas bonitas e belos velhos. Concordo absolutamente. Na China há ambas as coisas com fartura.

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No comboio de Datong para Pequim encontrámos finalmente um senhor que sabia inglês. Mas era muito difícil comunicar com ele. Não percebia a maior parte das coisas que lhe dizíamos e nós também não o entendíamos. Tudo melhorou quando começámos a comunicar por escrito. O inglês dele era perfeito. Há dez anos que anda a estudar inglês, mas como não tem oportunidade de falar com ninguém a sua pronúncia é péssima. Uma adolescente que estava ao nosso lado, aproveitou o facto de ter ali um intérprete à disposição para se meter conversa. Meteu-se-lhe na cabeça ensinar-nos algumas palavras em chinês. Foi uma galhofa. A nossa pronúncia desencadeava uma gargalhada geral. Toda a carruagem ria com as nossas vãs tentativas de repetir as palavras que a rapariga nos ia lançando. A brincadeira durou horas e só parou quando começámos a pedir-lhe que repetisse também palavras em português. Aí eramos nós a rir. A rapariga percebeu que estava a fazer figura de parva e desistiu de nos chatear.

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Hoje, quando passeávamos, vi vários gatos atados por cordas a postes. E pintaínhos pintados de várias cores, para vender. E ainda pedintes que escrevem longos textos a giz nos passeios. Poemas? Histórias? Preces?

Dia 5

Nos templos há dinheiro a fingir para queimar. Parecem notas de Monopólio e servem para fazer oferendas aos deuses. Será que eles se deixam enganar? Que deuses seriam eles se se deixassem enganar?

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O tapete do elevador do hotel muda todos os dias. Ontem tinha escrito: “Welcome, Saturday” e hoje “Welcome, Sunday”.

Dia 8

Haiku escrito no comboio entre Datong e Pequim:

Não é o sol
Que dança,
São as montanhas.


9 de Maio

Na Cidade Proibida, “crianças com menos de 120 centímetros não pagam”.

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Compras na Feira:
Um fantoche
Um desenho
Uma tartaruga-cinzeiro
Um copo para canetas
Um friso muito bonite esculprido em madeira

O desenho representa uma cena íntima. Duas mulheres numa sala. Uma delas toca pífaro. A outra escuta e segura um leque nas mãos. A seus pés dorme um gato branco, todo enrolado em si próprio. Como me apetecia entrar dentro daquele desenho, sentar-me ali com elas, ouvir a música e ficar em silêncio, à espera da hora do chá.

Dia 13

No Palácio de Verão, passaram por nós uns soldados (polícias?) de mão dada. Infelizmente, não consegui fotografá-los.

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A China pareceu-me muito mais virada para o futuro do que para o passado. Os monumentos estão cheios de gente nova, é certo, mas dá-me ideia de que vão sobretudo à procura de fotografias e convívio com os amigos. A cultura é uma herança importante, mas não sei se os jovens chineses têm muito orgulho no seu passado. Como a história de outros países, a história da China é uma longa e sangrenta sucessão de guerras, de opressão e de injustiça. Não me parece que sejam muito comunistas a generalidade das pessoas que vi nas ruas.

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Na famosa Muralha (que visitámos em dois locais diferentes), vi milhares de cadeados pendurados em correntes que têm quilómetros de comprimento. Suponho que é tradição para alguns chineses, quando lá vão, pendurarem um cadeado. Porque razão, não faço a mínima ideia. estive quase tentado a comprar também um cadeuado e deixá-lo ali, depois de atirar fora a chave. Em vez disso, comprei um boné vermelho que diz «The Great Wall». É que estava muito sol e foi o mais barato que arranjei.

A muralha tem mais de oito mil quilómetros de comprimento. Liga o Mar Amarelo ao Deserto de Gobi. A construção iniciou-se no séc. III A.C., mas levou séculos a completar-se.
Perto do troço Badaling (que visitámos) ficam as tumbas Ming onde estão sepultados 13 dos 16 imperadores daquela dinastia. O caminho que conduz aos monumentos é lindíssimo, ladeado de árvores e estátuas.

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Outra cena gira na Muralha. Uma guia turistica estava a tirar fotos a um grupo excursionista composto por algumas sessenta pessoas, todas chinesas. A seu lado, no chão, estavam sessenta máquinas fotográficas de todos os géneros e feitios. Fiquei ali uma bocado a vê-la tirar fotografias umas a seguir às outras, todas iguais, pois toda a gente quer ficar com uma recordação do grupo.

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Quem disse que era preciso compreender tudo o que se vê? Há um prazer infinito no mistério. Se fosse preciso perceber tudo o que vemos, morreríamos loucos, acho eu. Nenhum filósofo entendeu a vida, nenhum cientista alguma vez desvendará o sentido da vida. Nunca saberemos porque é que viemos ao mundo. De resto, não preciso de entender para amar. Gosto que o fascínio permaneça intacto. A China deixou de ser para mim um bicho de sete cabeças, mas ganhou um encanto que eu nem sequer imaginava. Já sonho em cá voltar.

Dia 16 de Maio

Escrito no avião: Na verdade, o mundo pertence-nos a todos. Esta coisa dos países é um disparate. Eu nasci no Congo, vivi em França os anos mais importantes da minha formação... Serei português? O mundo é a minha casa. Ou a minha prisão como dizia Yourcenar.

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Gostaria de voltar, claro. Como gostaria de voltar à Índia, porque um mês não é nada para percorrer países tão grandes. Na China, como na Índia, adorei cada momento e não me arruinei, nem arruinei a minha saúde. Que mais se pode pedir?

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Não há nada como viajar com a pessoa que se ama. Nem há melhor teste para uma relação do que uma viagem prolongada, em território desconhecido. Se o amor é verdadeiro, reforça-se a cada quilómetro percorrido. Caso contrário...

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A viagem terminou. Começa agora outra etapa. É uma coisa boa que têm as viagens: os regressos permitem-nos recomeçar. Nunca regressamos iguais ao que eramos antes da partida. Já não sou o mesmo Jorge que partiu para a China no dia 25 de Abril. Em que Jorge me tornei? Os próximos meses o dirão.

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Já em Lisboa: O Dani recordou-me que faz hoje exactamente um ano que morreu o nosso pai.